terça-feira, 5 de junho de 2012

A casa


A Casa
Paulo Junior
Era uma casa muito engraçada
Não tinha teto, não tinha nada
Ninguém podia entrar nela, não
Porque na casa não tinha chão
Ninguém podia dormir na rede
Porque na casa não tinha parede
Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
Na rua dos bobos, número zero

A desigualdade da moradia no Brasil parece que ainda vai levar muito tempo para ser solucionada. Em Caicó esse não é um problema que se resolve rápido. A questão passa pela falta de participação direta da sociedade na gestão governamental. Tanto na gestão de recursos quanto na formulação de políticas para a habitação.
O sonho da casa própria para vários caicoenses tem virado um pesadelo que se arrasta por mais de 6 anos. Era uma casa, mais neguem pode entra nela não e ninguém pode dormir de rede, muito menos fazer pipi, mas era pra ser feita com muito esmero. Só que a falta de responsabilidade administrativa tem tirado o direito a moradia de pessoas que sonharam em ter o direito a um teto, nesse tempo alguns dos familiares dessas pessoas já faleceram sem realizar o sonho de morra no que é seu e com dignidade.
“Nos barracos da cidade, ninguém mais tem ilusão. No poder da autoridade de tomar a decisão”.
 A música de Gilberto Gil retrata a realidade de pessoas que não têm acesso à moradia digna. Esse direito já estava previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos, desde 1948. Aqui no Brasil, foi preciso tempo e luta para incluí-lo no artigo 6º da Constituição. Em 2000, por meio de uma emenda, a habitação adequada tornou-se direito do cidadão.
Mas, afinal, o que é moradia digna?
Moradia digna não é apenas ter uma casa para morar. A população também deve contar com infra-estrutura básica com água, esgoto e coleta de lixo.  É bom lembra que as pessoas que não tem acesso à renda e uma moradia digna passa a ser marginalizadas na cidade. Essa situação dos futuros moradores da nova Caicó é uma a falta de respeito a dignidade humana, e se essa situação toda foi criada para moeda de troca no momento político eleitoral, me parece que o tiro saio pela culatra.

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