Quando o governo de Robson Farias naufragou o barco do
movimento cultural de Caicó sobre o leme do ex-vereador Leleu, os artistas se
lançaram ao mar na luta por um barco que lhes garantissem a continuidade da
produção local.
O movimento cultural articulou toda sociedade civil
organizada para reivindicar o espaço na gestão cultural do estado em nosso
município. Fomos atendidos e passamos a fazer parte da gestão do Centro
Cultural Adjunto Dias que se encontrava interditado pelos bombeiros.
No início o esforço foi para garantir a reforma para atender
as exigências técnicas dos bombeiros, o que foi conseguido através do RN sustentável,
foi criado o terreiro das artes na frente do centro, uma boa iniciativa mais
sem muito planejamento e sem a pretensão de ser continuidade do movimento o que
naturalmente foi ficando fragilizado e deixou de acontecer.
Por fim o movimento deixou de se reunir e sem vida orgânica transformou-se
num mero cargo comissionado do governo, como todos os demais que ali
antecederam a gestão cultural. O espaço está para ser reaberto depois de quase
três anos de gestão do movimento cultural, e mais uma vez servirá para
lançamento da campanha política como sempre aconteceu.
O que está na pintura, é que a sociedade caicoense através da
gestão cultural perdeu a oportunidade de articulação para garantir a dinâmica
de funcionamento de um espaço que poderia ser democrático, que garantisse o acesso
a todas as manifestações, em vez disso criou um mero relacionamento com o atual
governo de aceitação das determinações e sem nem um pensamento ou encaminhamento
das proposições que o movimento defendia no momento da luta para participar
da gestão. Tem sido constrangedor para companheiros que se matem nos espaços de
produção e discussão cultural responder sobre a participação dos artistas na
gestão cultural. Em uma reunião recente
fomos questionados se éramos só um cargo comissionado atendendo as demandas do
governo do estado e se tínhamos a expectativa de manter o cargo comissionado no próprio
governo?
São questionamentos difíceis de responder quando se trata de
um coletivo, quem é questionado não pode responder a partir do que pensa, principalmente
quando esse coletivo não tem mais vida orgânica. Particularmente não acredito na organização da
cultura pelo o estado e nem na estruturação da cultura, acredito que a produção
cultural acontece independente de governo, mas se o espaço existe na nossa
sociedade devermos construir da melhor maneira possível a nossa participação e
contribuição. Não podemos deixar que esses espaços permaneçam sendo espaço de
dominação, expressão do poder político e de corrupção.
O centro Cultural depois da sua inauguração ficou mais tempo
fechado em reforma do que funcionando para o seu fim. Como se explica que um prédio
novo tenha tanta reforma em tão pouco tempo? Já temos pouco recursos para
cultura e esse espaço tem consumido uma grana preta a cada governo desde sua
abertura. Cada governo fez uma reforma e não conseguiu deixa esse prédio em
condições de funcionamento. Agora somos nós os fazedores de cultura na gestão
desse espaço, funcionará para que? Para quem? Qual será sua significação para
sociedade, teremos tempo de responder em um ano e dois meses?